Tenho observado com certa preocupação que
inevitavelmente a igreja cristã está caminhando a passos largos para um
ecumenismo equivocado, alicerçado na fantasia da união inevitável. Um dos meios
mais comuns de aproximação, e também ponto de conflito, é a Eucaristia.
A Santa Eucaristia, também denominada Sacramento do Altar, ou Santa Ceia, é o centro do culto cristão, a qual foi instituída por Cristo para os cristãos. Não obstante, muito tem se discutido sobre a possibilidade da prática de uma Ceia Aberta, onde todos são recebidos e convidados a participar do Santo Sacramento. Já escrevi sobre o mesmo assunto aqui no blog e em outras mídias. Torno a abordar o mesmo tema porque infelizmente essa é a postura atual de uma grande parcela das igrejas cristãs, entre estas até mesmo algumas igrejas históricas, no qual buscam validar a fraca argumentação de que o ato de participar ou não da Eucaristia é competência do foro íntimo do comungante, e não do pastor, visto que o mesmo não tem como distinguir quem é, e quem não é digno de participar do Pão e Vinho. Outros argumentam ainda que se de fato a Ceia é um meio da Graça, e que se o propósito da Ceia é oferecer perdão dos pecados e fortalecimento da fé, mais razão então para que qualquer pessoa presente ao culto participe.

O pastor é responsável pelas ovelhas do seu rebanho. Como o pastor poderia ministrar a Ceia para alguém desconhecido? Digo isto porque quando o texto bíblico diz “examine-se o homem a si mesmo” ele não está dizendo isto para qualquer pessoa, mas sim para os cristãos, de outra forma haveria incoerência entre o texto bíblico referente a Santa Ceia e o texto que diz que o homem natural não discerne as coisas de Deus. Repito, como um comungante não nascido da água e do espírito poderia discernir quanto a qualquer questão relacionada a Deus, posto que a Santa Palavra de Deus torna claro que é impossível ao homem natural discernir coisas espirituais?
E mais, a Santa Ceia é a mesa da Comunhão, preparada pelo próprio Jesus, para a Igreja Cristã. Nos documentos confessionais da igreja luterana, entre estes a Confissão de Augsburgo, a Santa Eucaristia, é reconhecida como um dos dois sacramentos cristãos (o outro é o batismo). Ela enfatiza a presença real de Jesus na Ceia, mostrando que, ‘em’, ‘com’ e ‘sob’ o pão e o vinho se recebe o verdadeiro Corpo e Sangue de Jesus. A maioria das denominações luteranas concorda que a Ceia deve ser ministrada exclusivamente aos membros da comunidade local. Este é o correto ensino confessional luterano da União Sacramental!
Não sei quanto ao resto do Brasil, mas por aqui tem um ou outro grupo de Luteranos que praticam a Santa Ceia aberta, usam pão caseiro e suco de uva...e estão até rebatizando seus membros. Consideram-se luteranos históricos...você acha que seria correto praticar a comunhão aberta com eles apenas porque são luteranos? Não me cabe discriminá-los, na verdade, como cidadão, devo até mesmo endossar o direito que eles têm de crerem no que quiserem, mas como pastor é minha responsabilidade aceitar na Santa Ceia aqueles que eu realmente tenho certeza que conhecem a verdadeira palavra de Deus. Que foram ensinados na sã doutrina cristã, e vivem a fé verdadeira.
Santa Eucaristia Aberta...Diga NÃO a esse projeto humano!
Este
assunto é amplo e não pode ser negligenciado. Convido todos a que reflitam sobre
o tema e busquem na Santa Palavra de Deus a resposta.
Para finalizar vale lembrar que nossa resistência ao modernismo da Ceia Aberta deve ser pacífica, sem contendas, e também que em nome do amor ao próximo e da paz devemos nos manter abertos ao diálogo inter-denominacional, e sob certas circunstâncias, até mesmo diálogo inter-religioso.
Isto aliás, pode ser feito de diversas maneiras diferentes, não, porém com o corpo e sangue de Cristo, pois a Santa Ceia não é Cachimbo da Paz.
Revdo. Ari Fialho Jr.
Teólogo Luterano
IELM - Luteranismo Ortodóxo
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