segunda-feira, 28 de abril de 2008

Do Livre Arbítrio - Fórmula de Concórdia

ARTIGO 2º
DO LIVRE ARBÍTRIO

Questão principal nesta controvérsia.

O Livre Arbítrio encontra-se a vontade do homem em quatro estados diferentes, a saber:
1. antes da queda;
2. depois da queda;
3. depois da regeneração;
4. depois da ressurreição da carne.

A questão principal diz respeito apenas à vontade e capacidade do homem no segundo estado: que forças possui de si mesmo, em coisas espirituais, depois da queda dos primeiros pais e antes de sua regeneração, e se tem a capacidade de dispor-se e preparar-­se, com suas próprias forças, antes de regenerado pelo, Espírito de Deus, para a graça de Deus, e de aceitar ou não a graça oferecida por intermédio do Espírito Santo na palavra e nos santos sacramentos.

Doutrina correta e pura sobre este artigo de acordo com a palavra de Deus.

1. No tocante a isso, nossa doutrina, fé e confissão é que o enten­dimento e a razão do homem são cegos em coisas espirituais, e nada en­tende ele com suas próprias forças, como está escrito: “Ora, o homem na­tural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las” quando é examinado a respeito de coisas espirituais.

2. Cremos, ensinamos e confessamos, outrossim, que a vontade ir­regenerada do homem não só está alheada de Deus, mas também se tornou inimiga de Deus, de modo que só deseja e quer o mal e o que se opõe a Deus, conforme está escrito: «Porque é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade». Da mesma forma: Por isso o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Sim, tão pouco como um corpo morto pode vivificar a si mes­mo para a vida corpórea, terrestre, tão pouco o homem, que pelo pecado está espiritualmente morto, pode erguer-se a si mesmo para a vida espi­ritual, conforme está escrito: «E estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo “Razão por que não somos por nós mesmos - capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus”. 2 Co 3.

3. Mas Deus Espírito Santo não opera a conversão sem meios, po­rém se vale para isso da pregação e audição da palavra de Deus, como está escrito em Rm 1: O evangelho é «poder de Deus» para salvar. Também: A fé vem da audição da palavra de Deus. Rm 10. E é da vontade de Deus que se ouça sua palavra e não se fechem os ouvidos. Com essa palavra o Espírito Santo está presente e abre os corações, para que, como Lídia, em Atos 16, nela atentem, sendo assim convertidos exclusivamente pela gra­ça e poder do Espírito Santo, de quem, dele só, é a obra da conversão do homem. Pois sem a sua graça, o nosso «querer e correr», nosso plantar, semear e regar nada são, se ele não der «o crescimento», como diz Cristo: “Sem mim nada podeis fazer”. Com essas breves palavras nega os poderes ao livre arbítrio e atribui tudo à graça de Deus, para que ninguém se glorie diante de Deus. 1 Co 9.


B. Doutrina falsa e contrária a Palavra de Deus.

Conseqüentemente, rejeitamos e condenamos todos os erros seguintes como sendo contrários à norma da palavra de Deus:

1. O delírio dos filósofos chamados estóicos, como também dos ma­niqueus, os quais ensinaram que tudo quanto acontece tem de acontecer assim e não poderia suceder de outra maneira, e que o homem faz tudo coagido, mesmo aquilo que pratica em matéria de coisas externas, e que é coagido a obras e atos maus como libidinagem, rapina, assassínio furto e coisas que tais.

2. Rejeitamos também o erro dos pelagianos crassos, os quais ensi­naram que o homem, com suas próprias forças, sem a graça do Espírito Santo, pode converter-se a si mesmo a Deus, crer o evangelho, obedecer de coração à lei de Deus e assim merecer perdão dos pecados e vida eterna.

3. Rejeitamos, outrossim, o erro dos semi-pelagianos, os quais ensi­nam que o homem pode com as próprias forças, iniciar sua conversão, não podendo, entretanto completá-la sem a graça do Espírito Santo.

4. Rejeitamos igualmente o ensino de que, conquanto o homem antes de seu re­nascimento seja demasiadamente fraco para com seu livre arbítrio fazer o ini­cio, e, com suas próprias forças, converter-se a si mesmo a Deus e de co­ração obedecer à lei de Deus, a vontade do homem, todavia depois que o Espírito Santo, com a pregação da palavra, fez o começo e nela ofereceu sua graça, pode então, de suas próprias e naturais forças, acrescentar algo, bem que pouco e, debilmente, ajudar e cooperar, qualificar-se. preparar-se para a graça, apreender e aceitá-la, e crer no evangelho.

5. Da mesma forma, que o homem, depois de renascido, pode obser­var com perfeição e integralmente cumprir a lei de Deus, e que esse cum­primento é nossa justiça diante de Deus, pela qual merecemos a vida eterna.

6. Também rejeitamos e condenamos o erro dos entusiastas, os quais imaginam que Deus atrai os homens a si, os ilumina, justifica e salva sem meios, sem que ouçam a palavra de Deus, também sem o uso dos santos sacramentos.

7. Do mesmo modo, que Deus, na conversão e regeneração, destrói integralmente a substancia e essência do velho homem, e especialmente a al­ma racional e que na conversão e regeneração cria. do nada, nova essên­cia da alma.

8. Também o emprego sem explanação, das expressões que seguem: que a vontade do homem resiste ao Espírito Santo antes da conversão, na conversão e depois dela, e que o Espírito Santo é dado àqueles que lhe resistem propositada e persistentemente. Pois, como diz Agostinho, na con­versão Deus faz dos no lentes volentes e habita nos volentes.
No que tange às expressões dos antigos e dos novos doutores da igreja quando dizem: «Deus trahit, sed volentem trahit», isto é: «Deus atrai, mas atrai o querente». Também: «Hominis voluntasin conversione non est otiosa, sed agit aliquid», isto é: «Na conversão, a vontade do homem não é ociosa, mas realiza algo» - visto essas expressões haverem sido intro­duzidas para confirmação do livre arbítrio natural na conversão do homem, contra a doutrina da graça de Deus, julgamos que não concordam com a forma da sã doutrina, devendo-se evitá-las, por isso, com razão, quando se fala da conversão a Deus,
Por outro lado, contudo, diz-se acertadamente que na conversão Deus, por intermédio da atração do Espírito Santo, transforma homens recalcitran­tes e não-volentes em volentes, e que depois dessa conversão, em diário exercício do arrependimento, a vontade renascida do homem não é ociosa, mas coopera em todas as obras do Espírito Santo, que ele realiza através de nós.

9. Também o que o Dr. Lutero escreveu: comportar-se a vontade do homem em sua conversão
«pure passive», isto é, absolutamente nada fazer, isso deve entender-se respectu divinae gratiae in accendendis novis motibus, isto é, quando o Espírito Santo, por intermédio da palavra ouvida ou pelo uso dos santos sacramentos, apreende a vontade do homem e opera o no­vo nascimento e conversão.
Pois, quando o Espírito Santo operou e alcan­çou isso, é a vontade do homem foi mudada e renovada exclusivamente por sua divina força e operação, então a nova vontade do homem é instrumento e órgão de Deus Espírito Santo, de modo que não só aceita a graça, mas ainda coopera com o Espírito Santo nas obras que seguem.
De sorte que antes da conversão do homem existem apenas duas cau­sas eficientes, a saber: o Espírito Santo e a palavra de Deus, o instrumento do Espírito Santo, e pelo qual ele opera a conversão, O homem deve ouvir essa palavra, se bem que não lhe pode dar crédito nem aceitá-la por suas próprias forças, mas exclusivamente por intermédio da graça e operação de Deus Espírito Santo.

Perguntas cruciantes?

(Controvérsia Sinergista p. 22)

Por que alguns homens se salvam e outros não? Por que Davi é aceito e Saul é rejeitado?

Por que Pedro se volta a Jesus e Judas vai «para o seu próprio lugar»?

Por que o evangelho é aceito por uns e é desprezado por outros?

Será que Deus ama realmente a todos os homens?


Será que Deus deseja seriamente a salvação de todos? Será que o poder do evangelho é o mesmo nos corações de todos?

Então, por quê? Por quê?

Mas a Bíblia não responde?

Sem dúvida, ela responde. Só que a resposta da Bíblia não agrada à lógica do homem. Há tantas coisas na Bíblia que são contra a maneira de pensar da gente que a cada passo o nosso velho homem pára e meneia a cabeça. E a Bíblia não esconde o fato; ao contrário, torna a repetir esse desencontro. Deus declara: “Assim como os céus são mais altos do que a terra, assim os meus pensamentos são mais altos do que os vossos pensamentos”. Is 55.9. E é uma sorte, uma bendita sorte que seja assim; que, contra toda a lógica do mundo, Deus, em lugar de me condenar eternamente por causa dos meus pecados, me acolhe em sua infinita mise­ricórdia e me recebe como seu filho amado. «Que preciosos para mim, Senhor, são os teus pensamentos!» SI 139. 17.

E é esta a resposta que a Bíblia dá às perguntas cruciantes acima:

1 - Deus deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. 1 Tm 2.4
- Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Jo 3.17
- Deus não nos destinou para a ira, mas para al­cançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo. 1 Ts 5.9

2 - Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura, ­Mc 16.15.

3 - Não me envergonho do evangelho, porque é o poder Deus para a salvação de todo aquele que crê. Rm 1.16.

4 - Quem crer e for batizado será salvo i quem, porém, não crer será condenado, Mc 16.16.
Jo 3.36 - Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, to­davia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.

5 – “Pela graça sois salvos." Ef 2.5. Rm 3.24 - Somos justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus.

Resumindo, temos a resposta da Bíblia em 4 afirmações:

- Deus quer salvar a todos.

- O evangelho oferece a redenção em Cristo a todos.

- Quem se salva se salva unicamente por graça.

- Quem se perde se perde por culpa própria.


Mais que isto a Bíblia não diz. Por conseguinte, devemos contentar-nos com o que acabamos de ouvir. MAS - esse «mas» maiús­culo vem do velho homem, que aponta com o dedo para a «cruz dos teólogos» e raciocina - mas como se explica então que nem todos os homens se convertem e se salvam?· E ele oferece esta solução: ou a diferença está em Deus ou ela está no ho­mem.
Concordamos plenamente: se nós queremos seguir os «nos­sos pensamentos» e resolver o impasse com o nosso raciocínio, então não resta outra opção: ou a diferença está na atitude de Deus ou ela está no homem. A primeira foi a escolha do calvi­nismo, a segunda foi a escolha do sinergismo.

A opção do Calvinismo

As igrejas de cunho calvinistas (reformados, presbiterianos, congregacionais, batistas, valdenses, etc.) ensinam que a mise­ricórdia divina envolve apenas os escolhidos, os eleitos pela graça, e não a todos os homens. Eles negam a universalidade da graça divina e do evangelho. Na Confissão Galicana (1559) lemos: - “Cremos que dessa corrupção e condenação geral, em que se encontram todos os homens por natureza, Deus salva alguns, a saber, aqueles que ele... escolheu em Cristo, mas que os outros ele os abandona nesta corrupção e condenação, para neles, que devem ser condenados por direito, revelar sua jus­tica”.

A opção do Sinergismo

Melanchthon é o pai do sinergismo. O termo dá a entender que o homem pode cooperar na sua conversão. No seu com­pêndio de doutrina, - “Locí”, Melanchthon escreve: «Como a pro­messa de Deus é universal e como não existem em Deus von­tades contraditórias, é necessário admitir que haja dentro de nós algo que estabeleça a diferença de atitude e venha a explicar por que Saul é rejeitado e Davi é aceito.» Tornou-se corrente a expressão: “algo no homem”, o que Melanchthon explica des­sa forma; há no homem o livre arbítrio, pelo menos em dose mínima, mas o suficiente para poder, antes da conversão, adap­tar-se à graça, ir ao encontro dela, cooperar com ela. Enquanto nós aprendemos no catecismo que o homem natural é “espiri­tualmente cego, morto e inimigo de Deus”, igual a uma pedra na estrada que não se move, Melanchthon discorda plenamente e escreve: “A conversão em Davi não se processou da forma como se uma pedra se transformasse em figo, porém, dentro dele operou o livre arbítrio”.

O livre arbítrio vamos encontrar em todas as igrejas e cor­rentes onde ensinam que o homem por natureza possui forças suficientes para se decidir em favor de Deus, convertendo-se, se quiser: os pelagianos reclamam capacidade total, os semi-pe­lagianos, católicos e arminianos se contentam com capacidade limitada, e os sinergistas, seguidores de Melanchthon, usam uma dosagem mais fraca do livre arbítrio, nestes termos: Deus atrai os «querentes».

Que a opção do sinergismo está errada, ensina-nos o ar­tigo anterior que trata do pecado original. Porém de uma ma­neira toda especial a Bíblia ainda mostra:

1 - Que o homem natural não é capaz de crer: Jo 6.44 - Nin­guém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer.

2 - Que para o homem a mensagem salvadora é loucura: 1 Co 2.14 - O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura.

3 - Que a conversão é um ato da graça e poder de Deus: Ef 1.19 - E qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder.

4 - Que a conversão é obra exclusiva do Espírito Santo que age através dos meios da graça: Palavra e Sacramentos: Jo 3.5 – “Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus”.

Por conseguinte, devemos corrigir a frase citada por Me­lancnthon: “Deus atrai os querentes”, substituindo os “queren­tes”, que não existem, por “não-querentes”, de forma que a frase soe: Deus transforma os não-querentes em querentes, de acor­do com Fp 2.13 - Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar.



Artigo 2º - Do Livre Arbítrio
Fórmula de Concórdia
Livro “Cremos por isso também falamos”
de Otto O. Goerl
Ed. Concórdia S. A.
Porto Alegre – RS.
Ano 1977.


Rev. Ari Fialho Júnior
Soli Deo Gloria!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Graça Irresistível

Olá amados.
Que a Paz de Cristo esteja com vocês!


Graça Divina, definição: (gratia salvifica, ou, Charis Sootéerios), pela qual Deus se vê impelido a perdoar o pecado e conceder a salvação à humanidade caída, é a sua disposição graciosa (gratuitus Dei favor), proporcionada por mediação da satisfação vicária de Cristo, revelada no evangelho (Rm 3.25; Jo 20.31).
Lutero nos diz: “Gottes Huld oder Gunst, die er zu uns trägt bei sich selbst.” Ou, “Gratia Dei aliquid in Deo, sc. Affectus Dei benevolus, est non qualitas animi in hominibus. (Lutero diz aqui que a afeição que Deus nutre por nós, não tem origem em nós, mas sim no próprio Deus).

Pergunta (e também premissa) sobre a qual se apoia a doutrina da graça irresistível:
Se Deus é todo poderoso, como pode o homem resistir a tamanho poder?


A aceitação, ou rejeição da doutrina da Graça Irresistível foi objeto que gerou uma série de questionamentos. Os Arminianistas rejeitaram tal doutrina por ensinarem que o homem natural tem de forçosamente possuir livre arbítrio em assuntos espirituais, visto que a sua conversão sem cooperação implicaria em coerção da parte de Deus.


Os Sinergistas, por sua vez, rebatem a ideia da graça irresistível incluindo na fé justificadora a con­duta moral do homem, ou sua auto decisão, ou sua atitude corre­ta para com a graça, Segundo o seu ensino, o crente, ao procurar a certeza de sua salvação, deve confiar na graça divina dentro dele mesmo (gratia infusa), ou seja, na sua santificação.
Enquanto os Sinergistas incluem na fé justificadora a con­duta moral do homem, ou sua auto decisão, os Arminianos insistem em que a fé justi­ficadora abranja também as boas obras dos crentes.

Foi por este motivo que Lutero e todos os teólogos luteranos ortodoxos tão energicamente insis­tiram em que na igreja se ensinasse esta doutrina bíblica: Que a graça justificadora é o imerecido favor de Deus em Cristo Jesus.


Declara a Apologia: "É preciso que na igreja de Cristo se retenha o evangelho, isto é, a promessa de que por amor de Cristo os pecados são gratuitamente remetidos. Aqueles que desta fé nada ensinam... anulam completamente o evange­lho." (Art. IV (II), 120. Triglotta, pág. 155).

Diante disto, rejeito o argumento dos Arminianistas e dos Sinergistas, porque tal repousa sobre falsa premissa; pois “Deus é quem efetua em nós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade” (Fp 2.13 Cf também Ef. 1.19 Fp. 1.29).


Os Calvinistas por sua vez, insistem em que o homem não pode frustrar os planos de Deus. Que se o homem é tão fraco que não é capaz de resistir ao Diabo e o pecado, por que conseguiria resistir ao Poder de Deus? Ou Deus é Onipotente, ou não.


Conclusão:


A conversão do pecador é realmente obra da onipotência de Deus, Ef. 1:19; é um poder irresistível, porém não coercivo. Até porque, a própria natureza da conversão exclui a ideia de coerção; pois consiste essencialmente na atração do pecador pelo próprio Deus. Jo. 6:44, o que se efetua pelos meios da graça, Ram. 10:17.


Diz a Fórmula de Concórdia: “[Condenamos] se usem as se­guintes expressões. . . que o Espírito Santo é outorgado àqueles que lhe resistem proposital e persistentemente; porquanto Deus, na conversão, faz dos que não querem, pessoas que querem, e habita nos que querem, segundo o diz Agostinho." (Epít., lI, 15).


Do que acima ficou dito, torna-se evidente o quão impor­tante é para o teólogo cristão manter a definição escriturística da graça justificadora; porquanto, sem ela, não poderá nem ensinar a doutrina verdadeira da justificação conforme se acha revelada no evangelho nem excluir da justificação a doutrina da salvação pelas boas obras, tampouco poderá confortar devi­damente qualquer pecador que busca a certeza da salvação. Por conseguinte, onde quer que se perverta a doutrina escri­turística da graça justificadora, toda a doutrina cristã ficará corrompida e paganizada.


Chemnitz diz: "Gratia in articulo iustificationis intelligenda est de sola gra­tuita misericordia Dei."

Com esta definição da graça justifica­dora a igreja cristã permanece ou cai (articulus stantis et ca­dentis ecclesiae).


Rev. Ari Fialho Jr
.
Teólogo Luterano
Soli Deo Gloria!

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Do Livre Arbítrio

Do Livre Arbítrio

Certa vez, após algumas visitas de evangelização, um irmão que nos acompanhou, saiu com esta: “Ah, eles não se convertem porque não querem, é só aceitar Jesus e pronto.” Aquela afirmação me deixou apreensivo, ao que perguntei: Como assim?
Então ele completou: ”Ué, todo mundo sabe que Deus existe, todos sabem que Jesus morreu na cruz, é só se decidir e pronto”.
A explicação caiu como uma bomba em mim. Na opinião dele o homem natural pode decidir sobre questões espirituais, o que contraria 1Co 2.14. Naquele momento vi a necessidade constante do ensino, só boa vontade não basta.

Vamos aos fatos: A Bíblia ensina que no paraíso, antes do pecado, o homem era livre, tinha tudo e podia todas as coisas, ou seja, este é o 1º Estado, o original: o homem fazia uso de 100% de seu Livre Arbítrio.
Sabemos que no paraíso o Homem foi criado a Imagem e Semelhança de Deus. Estava espiritualmente vivo. Deus falava ao Homem pessoalmente. O Homem podia decidir-se sobre todas as coisas. Podia decidir entre obedecer a Deus, ou dar ouvidos ao pecado. Decidiu pelo pecado. As conseqüências desta decisão levaram o Homem:

(1) A Queda. Passou de uma natureza Pura, e Santa, para uma natureza pecaminosa,
e completamente perdida.

(2) Perda da Imago Dei: Completa perda do seu estado original, perda da Imagem de Deus.

(3) Morte espiritual: (completo afastamento de Deus). (Gn 3.23/Ef 2.1).

Lembrem-se, nós, todos os que nascemos a partir de Adão, somos resultado da natureza corrupta de Adão, e não da Imagem Perfeita de Deus. Ora, com isto concluímos que não só a Imagem de Deus, a natureza espiritual, mas também o livre arbítrio se perdeu.

Veremos agora o Homem, e o Livre Arbítrio no seu 2º Estado.

Após a queda o Homem perde o Livre Arbítrio, e a Imagem e Semelhança de Deus.
O Homem, agora NATURAL, anda errante em um mundo perdido. Não cego, mas morto espiritualmente. Concebe seus próprios deuses segundo sua imagem e semelhança. É incapaz de decidir-se por coisas espirituais 1Co 2.14 . É inimigo de Deus, e jamais decidirá por fazer a vontade de Deus. Quanto ao Livre Arbítrio, o máximo que consegue é, com dificuldade, decidir-se sobre coisas naturais.
O cristão revestido pelo Sangue de Cristo, tem restituído em si a imagem de Deus. Porém, nem sempre consegue fazer a sua própria vontade (Rm 7.14-19). Para ser sincero, tenho certeza que há dias em que você mesmo não consegue fugir dos maus pensamentos, palavras duras, e etc...

É ou não é verdade?

Conclusão:

Quanto ao Livre Arbítrio ‘Espiritual’, concluímos que o Homem Natural não o tem realmente. Não pode, por sua livre vontade, aceitar Jesus. Mesmo em se tratando de coisas naturais não o pode usar como deseja.

Diante disto resta-nos a pergunta:
Então como alguém pode tornar-se cristão? Bem, o fato é que ninguém converte a si próprio. Mas quando a Palavra de Deus é anunciada, os ouvintes tornam-se alvos da ação do Espírito Santo. Este por sua vez, os convence do pecado, da justiça e do juízo de Deus, amolece o seu coração de pedra, e Graciosamente lhes oferece a oportunidade de arrependerem-se, e crerem em Jesus como Senhor e Salvador. Observe que não há qualquer participação do homem. É puramente a Obra de Deus acontecendo. Mesmo o ato do arrependimento não é obra do homem, mas sim de um Deus maravilhoso que quer nos salvar.

Entretanto, se por um lado a salvação é obra exclusiva de Deus, por outro, a perdição é puramente obra do homem. Ou seja, o homem, após convencido pelo Espírito Santo, pode decidir-se por não querer estar com Cristo. É salvo somente por Deus, mas se perde por culpa própria.

Para finalizar, na Glória Eterna: Este será o momento em que o homem retornará a usar 100% do seu livre arbítrio. Será um momento lindo, quando juntos estivermos na Glória de Deus. Não como Luteranos, Batistas, Católicos, Assembleianos...etc.., mas como Cristãos, Ovelhas do mesmo Pastor que é Jesus.

Digam: Glórias a Deus, amados! E prega a Palavra, insiste, anuncia a todos, para que muitos possam contemplar este Dia.

Rev. Ari Fialho Jr.
Pastorais 2008.
Soli Deo Gloria!

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Rumo ao Pentecostes

Olá amados,
Graça e Paz em nome do Senhor Jesus!

Rumo ao Pentecostes

Desde que iniciei o envio das ‘Pastorais 2008 – Pentecostes’,
fiz a você um desafio e um convite: Levar Cristo a todos,
e adotar, de modo espiritual, uma família para que seja
alvo de suas orações até o dia de Pentecostes.
Tanto um quanto o outro fazem parte da vida do cristão.
Se você ainda não começou a falar de Cristo, ou, ao menos entregar folhetos,
então comece. E se você não escolheu uma família, ainda dá tempo, escolha.
O compromisso sério leva a disciplina,
e consequentemente ao seu crescimento espiritual.
Seja um cristão comprometido com a obra de Deus,
e certamente Deus te abençoará grandemente.
Lembre-se, não há sermão maior do que as tuas atitudes.


Oremos:

Senhor ajuda-me a fazer a tua vontade.
Dê-me forças e coragem para enfrentar o desafio de ser um cristão ativo.
Em nome de Jesus, amém!

Rumo ao Pentecostes

Hoje é o segundo domingo da Ressurreição. Continuamos firmes, rumo ao Pentecostes pois Deus nos chamou para anunciar as Boas Novas. Domingo também é o dia da família. Dia de estar junto a Deus, e junto aos seus. Por isto quero convidar você, para no exato momento em que ler esta mensagem, faça uma oração intercedendo por aquela família que você conhece, e sabe que está sofrendo. Estas são famílias “doentes”, que precisam de nossa oração e do amor de Deus. E mais, quero convidá-lo também a que adote espiritualmente esta família, afim de que ela seja alvo das suas orações até o dia de Pentecostes. Você pode fazer isto? Oremos:Em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. Senhor, trago diante de Ti todas as famílias que neste momento estão sofrendo pelos mais diversos motivos. Socorre-as meu Deus segundo a grandeza da Tua misericórdia, amém!Rev. Ari Fialho Jr.Pastorais 2008.Soli Deo Gloria!